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sábado, 23 de fevereiro de 2013

POR QUE ESTUDAR MATEMÁTICA?




     Quem nunca perguntou ao professor: "Por que estou estudando isso?" Eu já, e mais de uma vez. Alguns tópicos da matemática me pareciam tão inúteis....
     Uma vez, o matemático americano Roy James Newman (1907-1996) escreveu: " A coisa mais dolorosa sobre a matemática é quão longe estamos de ter a capacidade de usá-la logo depois de aprendê-la." Isso é um jeito mais elaborado de dizer: "Aprendemos matemática para nada, ou assim nos parece." Pensando bem, essa não é uma característica exclusiva da matemática: o estudante de música só consegue tocar bem as escalas mais simples quando está treinando as mais complexas; o enxadrista só consegue usar bem as aberturas mais simples quando está estudando as aberturas de grandes mestres russos. Se essa característica existe em outras áreas da vida, por que Newman a achava " a coisa mais dolorosa da matemática"?

     "Talvez porque a matemática possa ser comparada a uma macieira mágica: olhando de longe, as maçãs parecem todas maduras e lindas. O sujeito se aproxima da macieira e tenta puxar uma maçã, mas ela não se desgruda do galho; ele apoia o pé no tronco da árvore, faz uma força danada e horas depois colhe uma delas, que se transforma na mesma hora numa maçã de metal - linda, mais inútil. O sujeito guarda essa primeira maçã numa caixa e volta à macieira outras vezes para, com grande esforço, colher mais seis maçãs. Um dia ele colhe a sétima, e de repente a primeira se transforma numa maçã comestível.Para ser três maçãs úteis, ele deve colher 21 maçãs e guardar 18 maçãs metálicas na caixa - 18 maçãs lindas mas inúteis.
     Newman falava mais ou menos disso. Chame as maçãs metálicas de "matemática inútil" e as maçãs comestíveis de "matemática útil". Parece contraditório, mas não é: a matemática que estudamos e conseguimos usar é sempre uma parcela da matemática que estudamos e ainda não  sabemos direito para que serve. Muito do que estudamos no ensino básico só vamos usar na faculdade, e muito do que estudamos na faculdade só vamos usar na pós-graduação. Então, quando fiz a pergunta inevitável a meus professores, eles poderiam ter me dito em resposta: 
     - Para que você consiga usar a matemática que estudou tempo atrás.

Carta ao Leitor - Márcio Simões (editor) 

Leia o artigo e nos diga o que você achou. 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013


A Matemática segundo Jobim


Pra que dividir sem raciocinar
Na vida é sempre bom multiplicar
E por A mais B Eu quero demonstrar
Que gosto imensamente de você
Por uma fração infinitesimal,
Você criou um caso de cálculo integral
E para resolver este problema
Eu tenho um teorema banal
Quando dois meios se encontram desaparece a fração
E se achamos a unidade
Está resolvida a questão
Prá finalizar, vamos recordar
Que menos por menos dá mais amor
Se vão as paralelas
Ao infinito se encontrar
Por que demoram tanto os corações a se integrar?
Se infinitamente, incomensuravelmente,
Eu estou perdidamente apaixonado por você.
António Carlos Jobim/Marini Pinto (1958)

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O Analfabeto Político
Berthold Brecht

O pior analfabeto

É o analfabeto político,

Ele não ouve, não fala,

nem participa dos acontecimentos políticos.


Ele não sabe que o custo de vida,

o preço do feijão, do peixe, da farinha,

do aluguel, do sapato e do remédio

dependem das decisões políticas.

O analfabeto político

é tão burro que se orgulha

e estufa o peito dizendo

que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,

da sua ignorância política

nasce a prostituta, o menor abandonado,

e o pior de todos os bandidos,

que é o político vigarista,

pilantra, corrupto e o lacaio

das empresas nacionais e multinacionais.